Prof. Dr.
Reinaldo Portal Domingo
Universidade
Federal do Maranhão (UFMA)
Hoje
a nível mundial se discute sobre as mudanças que devem acontecer em nossas
Universidades para que estas sejam consideradas como Universidades Digitais.
Exemplo disso foi o Seminário “A Universidade Digital” Oficina de boas práticas:
apresentação de experiências, realizado no mês de junho em Madrid com o
patrocínio da Cátedra UNESCO de Gestão e Política Universitária da Universidade
Politécnica de Madrid.
Então,
o que é uma Universidade Digital? É aquela que tem e usa a tecnologia tanto
para o desenvolvimento dos processos docentes como administrativos, e aquela
que tem equipamento e acesso à Internet em sala de aula como, por exemplo: data
show, lousa interativa, simuladores, equipamentos com realidade ampliada, entre
outros. Laboratórios com equipamento contemporâneo ligados a Internet para
poder utilizar além de simuladores, objetos de aprendizagem dos diferentes
Repositórios nacionais e internacionais, que permitam a esse aluno nativo digital poder desfrutar de
um processo de ensino-aprendizagem na altura de sua época. É aquela
Universidade que tem seu sistema de controle acadêmico totalmente digital e que
facilita a “vida” do aluno dentro do centro docente, assim como facilita a
“vida” do professor na hora de realizar desde o planejamento de suas aulas, até
o controle acadêmico de todos os seus alunos.
Estou
colocando todos esses elementos para que nosso professor da UFMA medite,
analise e decida que tipo de Universidade temos hoje e qual Universidade
queremos para o futuro.
Entre
os temas discutidos neste Seminário aparecem:
·
Sistema de avaliação automática de
respostas “abertas” dos estudantes como método para aprender e pensar, UNED.
·
O uso do hipervideo na docência
universitária centrada em atividades acadêmicas do alunado, Universidad de la
Laguna.
·
Produção e inovação digital na
Universidade de Salamanca, Universidade de Salamanca.
·
Os cursos abertos, massivos e on-line
(MOOCs) como sistema de ensino na universidade digital. O exemplo do MOOC
Gestão da informação cientifica em aberto pela Universidade Complutense de
Madrid, Universidade Complutense de Madrid.
·
Digitalização através da Plataforma
AVIP, UNED.
·
Projeto europeu VALS e Semestre of Code:
práticas virtuais em empresas e fundações relacionadas com o software livre a nível
de Europa, Universidade de Salamanca, Consorcio europeu de Universidades e Empresas.
·
Desenho e implementação de uma
metodologia de ensino-aprendizagem online e blended Nebrija, Nebrija Global
Campus. Universidade de Nebrija.
·
Experiência de realidade aumentada na
disciplina de Comunicação audiovisual e multimídia, Universidade Pontifica
Comillas.
·
Gestão integral do conhecimento e
certificação em rede para um sistema de qualidade de centros Universitários,
UNED.
·
LegisHca: Buscador de legislação
histórica para apoio a docência, Universidade Miguel Hernandez.
·
MaharaZar: o Portfolio na Universidade
de Zaragoza.
·
Práticas profissionais virtuais para
estudantes com discapacidade, UNED.
·
A plataforma informática que permite
realizar o seguimento articulado e descentralização dos planos estratégicos da
PUCP, Pontifica Universidade católica de Peru.
·
Gestor eletrônico de solicitações da
Universidade de Oviedo, Universidade de Oviedo.
·
Os aportes da Biblioteca UNED para a
Universidade digital, UNED.
A inclusão das temáticas discutidas
no Simpósio tem um duplo objetivo: em primeiro lugar mostrar que se discute em
Espanha com relação ao tema da Universidade digital e em segundo, chamar a
reflexão de nossos professores de quanto perto ou longe estamos deste
importante tema dentro da UFMA.
É verdade que nossa Universidade
nos últimos anos avançou muito na direção de lograr uma Universidade digital,
ainda mais, por ser uma Universidade do Nordeste, com todos os problemas que
essa logomarca implica. Eu diria que avançamos muito no plano tecnológico,
nestes últimos 8 anos, ao triplicar o número
de computadores dentro da UFMA, dotar a Universidade de uma Internet de banda
larga que funciona, e funciona bem, disponibilizar a possibilidade de uso de
Ambientes Virtuais de Aprendizagem tanto para os cursos on-line como para os
cursos presenciais, estabelecer um magnifico Sistema de Gestão Acadêmica
automatizada (SIGAA) que permite o controle acadêmico de alunos e o apoio a professores.
Com o SIGAA se colocou nas mãos dos professores um conjunto de ferramentas
didático-tecnológicas para planejar e desenvolver aulas do século XXI de uma
verdadeira Universidade digital, a colocação de auditórios multimídia tanto na
sede central como nos campis, com equipamento para a realização de
videoconferências com alto nível de interatividade, a experimentação e produção
de materiais audiovisuais de alto padrão e por último e não menos importante,
um significativo impulso à modalidade de Educação a Distancia (EaD), também conhecida
como educação on-line.
Considero importante fazer um parêntese
com relação a EaD por diferentes problemas, porque, embora esta não seja objeto de análise neste artigo,
decaiu significativamente dentro da UFMA, passando a ocupar um dos últimos
lugares entre as Universidades públicas do Nordeste, e é bom ressaltar o
impulso dado dentro da UFMA na quebra de um paradigma de ensino tradicional
para um paradigma de ensino-aprendizagem centrado no aluno com o apoio e
presença das TICs o que com certeza tem transformado o modo de agir, pensar e
atuar de todos os professores envolvidos nos cursos na modalidade a distância.
Quem passou por essa experiência da EaD, hoje com seguridade utiliza de forma
natural as tecnologias em função dos processos de ensino-aprendizagem seja no
presencial como no a distância. É importante destacar: a tendência que se
observa é que no futuro imediato não se falará mais de EaD ou educação
presencial e sim de uma educação flexível, onde a Universidade digital disponibilizará
recursos tecnológicos para a educação em um sentido geral.
Na minha visão como especialista na
área, gostaria de colocar a pergunta: onde se encontram os principais problemas
a resolver em um futuro imediato, diga-se de passagem, por parte da nova
administração para comandar os destinos da UFMA nos próximos 4 anos?
Uma Universidade digital não se faz
só com tecnologia, tem que ter suficientes recursos humanos, imigrantes
digitais (professores e técnicos), porém, com a capacitação e competências
tecnológicas suficientes e necessárias para poder manter uma comunicação
docente com os nativos digitais (alunos) que hoje se encontram em nossas salas
de aula.
Para isso é necessário desenvolver
um conjunto de ações encaminhadas a criar e ampliar as competências
didático-tecnológicas de nosso pessoal docente se, em verdade, queremos optar pelo
conceito de Universidade digital. Só para ilustrar a imperiosa necessidade de
implementar estas políticas mencionaremos os seguintes fatos:
· São
contados com os dedos das mãos os cursos da UFMA que utilizam AVA como
ferramenta tecnológica dentro dos cursos presenciais, para ampliar as tarefas
docentes e de pesquisa “extramuros”.
· Os
professores não sabem utilizar na totalidade as ferramentas
didático-tecnológicas inseridas no SIGAA para o desenvolvimento de aulas
contemporâneas centradas no aluno.
· A
lousa interativa ainda é uma novidade “rara” dentro das salas de aulas da UFMA,
e consequentemente, poucos são os professores que sabem utilizar este
importante recurso didático-tecnológico.
· A
UFMA não possui um Centro ou Núcleo para a elaboração de materiais didáticos
digitais que dê serviço através de Projetos, a todos e cada um dos professores
de nossa futura Universidade digital. O Núcleo de Educação a Distância, em seu
momento de esplendor, começa a dar os primeiros passos nessa direção, com a
criação da Coordenação de Desenho Instrucional e materiais multimídia,
lamentavelmente extinta do organograma do NEAD.
· Desconhecimento
e uso dos objetos de aprendizagem e da realidade ampliada como ferramentas
didático-tecnológicas do século XXI por parte da grande maioria dos professores
da universidade.
· Pouco
conhecimento e uso com profundidade das diferentes ferramentas
didático-tecnológicas que hoje existem na Internet (Web 2.0) e que poderiam ser
utilizadas com êxito no processo docente (Google mapas, Google acadêmico, Google
livro, Google vídeo/ Youtube, Google tradutor, Google imagem, Google catálogos,
Repositórios de Objetos de aprendizagem, Hot Potatoes, eXeLearning, courselab,
AVAs, Audacity, TeacherTube, Fotoplus, Flickr, CamStudio, Powerpoint,
videoconferência entre outros recursos).
· Pouco
uso das ferramentas da Web 2.0 para a procura e aquisição de informação e sua
respectiva interatividade: blogs, Portais especializados, Grupos virtuais,
bibliotecas on-line, museus on-line entre outros.
Como já foi mencionado, na UFMA temos a tecnologia
básica necessária para lograr o salto de Universidade tradicional (do século
XX) para Universidade digital do século XXI, agora é a hora de desenvolver toda
nossa criatividade e juntos todos: gestores, professores, técnicos e alunos, elaborar
e aplicar as políticas de capacitação necessárias para alcançar a fluência
tecnológica, as competências didático-tecnológicas de todo o pessoal que esteja
comprometido com nossa Alma Mater para transformar em breve a UFMA em uma Universidade
Digital do século XXI de impacto nacional e internacional
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